segunda-feira, 17 de maio de 2010

A moda trilha, devagar, o caminho da sustentabilidade

Entre os estandes da 3ª Mostra de Tecnologias Sustentáveis, aberta até esta sexta-feira (14), em paralelo à Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos, uma expositora de roupas para pessoas portadoras de necessidades especiais dá uma pequena mostra no que a moda pode se transformar. Professora de Moda do SENAI na cidade de Cianorte (PR), a coleção de Leny Pereira se apropria de sobras de tecidos para produzir em uma escala maior algo que falta muito: modelos mais confortáveis, em que os recortes são em maior número, possibilitando maior comodidade no ato de vestir deste público. Para Leny, “a sustentabilidade impõe à moda não só novos desafios, mas sim um novo papel”.

Além do desafio comum às indústrias de bens de consumo na busca por materiais e processos menos impactantes para o meio ambiente, a moda precisa se voltar à sua função essencial e parar de ser apenas a renovação dos guarda-roupas a cada estação, diz a criadora. Hoje, critica Leny, as pessoas vestem conceitos que não são seus e que parecem adequados por pouco tempo. “É como se trocassem de personalidade a cada seis meses”, constata. Quando se considera mais o gosto pessoal na composição de um estilo, aumenta-se a vida útil do produto: mais autêntico, ele não é trocado tão facilmente.

Leny Pereira acredita que mudar o papel de “criadora de tendências” para “criadora de estilos” significa diminuir o ritmo de produção e acalmar o consumo. Apesar de parecer algo longe do real e de interesses conflitantes, essa mudança pode simplesmente corresponder à lógica já vigente no mercado da moda: estar o mais próximo possível da identidade do consumidor.

“Verde” no figurino

“A grande parte das pessoas só leva em consideração o preço, seja por economia ou por status. Felizmente, já existe uma fatia do mercado que tem a preocupação ambiental”. Com essa análise, Leny aposta que as decisões de consumo mais conscientes, que envolvem menor impacto ambiental e social, devem provocar mudanças definitivas na indústria da moda. Ela cita o exemplo da cidade onde atua: na paranaense Cianorte, considerada a capital do vestuário, existem mais de 500 confecções. E estas exigem garantias mínimas dos fornecedores. Um exemplo são as lavanderias de jeans, das quais se requer tratamento de água e cuidados com a saúde dos trabalhadores.

Por: Ana Carolina Amaral, especial para o Instituto Ethos

Nenhum comentário:

Postar um comentário