terça-feira, 16 de março de 2010

Bordadeira conta sua história de luta na construção de uma cooperativa composta por mulheres

Entre retalhos, linhas e o colorido da costura, Elza Santiago conseguiu se firmar como bordadeira, sustentar sua família e se sentir mais segura. Nascida no interior da Paraíba, em Lagoa Grande, chegou ao Rio de Janeiro aos 19 anos para trabalhar e tentar uma nova vida. Hoje é uma das fundadoras da cooperativa Bordadeiras da Coroa, uma iniciativa criada por um grupo de mães solteiras e viúvas que costuram em uma pequena casa no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro.

No final de outubro do ano passado, esse grupo de mulheres ficou conhecido por ter desenvolvido um vestido arrematado em leilão beneficente do Oi Fashion Rocks, no Hotel Copacabana Palace. Elaborado pelas bordadeiras Marinalva Alves dos Santos e Elza, o vestido foi vendido por R$ 163 mil para o empresário Eike Batista. A verba irá colaborar na melhoria da atual casa da cooperativa locada na comunidade Morro da Coroa. “Aceitamos esse desafio e bordamos o vestido. Estávamos com receio, porque era uma peça muito delicada. O vestido foi criado pelas estilistas Maria do Rosário e Amanda Haegler, donas da grife Q-Guai. Pensávamos que a peça seria vendida em torno de sete mil reais. Superou todas as expectativas. Esse vestido deu manchete internacional”, explica.

Há cinco anos Elza ficou viúva, sem trabalho, com dois filhos e não tinha perspectiva de trabalho formal. Já fazia uma capacitação da prefeitura chamada Mulheres em Ação, uma formação com aulas de cidadania, justiça, meio ambiente, direitos humanos, entre outros assuntos. “A gente recebia uma bolsa de cem reais. Isso me ajudava muito, principalmente depois da morte de meu marido. Depois que acabou o curso, fiquei quase maluca, porque precisava de alguma coisa para ocupar minha mente e conseguir dinheiro para sustentar minha família. Mas consegui graças ao bordado. Ou a gente montava esse grupo, ou eu ficava louca. Não sei pedir nada a ninguém. Tinha que trabalhar. E quem ia me dar uma oportunidade? Quem daria emprego formal para uma negra, pobre, com mais de 40 anos e sem faculdade?”
As mulheres da cooperativa produzem bolsas, vestidos, colchas e brindes para empresas. “A ideia de unir forças e talentos surgiu após esse curso desenvolvido pela prefeitura”, reforça. A coordenadora da iniciativa Mulheres em Ação ajudou o grupo de mulheres ex-alunas da formação para desenvolver um projeto de cooperativa para pedir ao Fundo de Investimento Elas, em 2006. O grupo recebeu quatro mil reais e oficinas sobre elaboração de projetos, administração de recursos, comunicação e marketing e direitos humanos a mulheres.


Fonte: Senac Setor3





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