sexta-feira, 8 de outubro de 2010

'Miramos só bandas que são engajadas'

Mentor do megafestival de rock diz que cortou grupo que só queria 'grana'








Itu pode tirar onda. A velha mania de grandeza da cidade paulista (100 km de São Paulo) agora tem mais uma justificativa: a partir da noite desta sexta, 8, começam a chegar à cidade hordas de fãs de rock do País e da América Latina para o maior festival de música do País, o SWU Music and Arts Festival. Mais de 400 caravanas vindas do Amazonas ao Rio Grande desembarcam na bucólica Fazenda Maeda. O SWU - Starts With You acontece nos dias 9, 10 e 11 de outubro, com 74 atrações que se apresentam nos 274 mil m² da Fazenda Maeda, em Itu.
"Essa marca, SWU, há poucos dias atrás não existia, e hoje nosso portal tem mais de 3 milhões de visitas únicas", maravilha-se o organizador do festival, o publicitário Eduardo Fischer, do grupo Totalcom, em entrevista ao Estado, acompanhado de seu sócio na empreitada, o empresário Milkon "Mac" Chriesler, dono da The Groove Concept. "É estranho um país com o nosse potencial nunca ter tido um festival como esse. Com essa natureza, sempre foi numa cidade grande, sempre numa capital", disse Mac Chriesler.

Já houve problemas de segurança em megashows. Aconteceu em Roskilde, na Dinamarca, em 2000, durante show do Pearl Jam, e na Love Parade, em julho, em Berlim. O que garante que o seu festival é seguro?
Primeiro lugar: a fazenda é muito aberta, é muito ampla. Aquele negócio que houve na Alemanha, você tinha de passar por um negócio que era quase um funil, debaixo de uma ponte.

E o caso de Roskilde?

Eu conheço bem Roskilde (Mac). Eles trabalhavam com uma espécie de gradil, na época, duas bases de grade, e entrava todo mundo pela lateral. E havia 60 mil pessoas pulando, pulando, e empurrando todo mundo. Quem estava na frente não tinha como sair. Nós temos três bases de grades, não tem aquele número de pessoas fechando. Você tem o setor Premium, e depois do setor Premium tem mais uma base de grades.

Como diques de contenção?
Na verdade, hoje em dia as bandas nem sobem no palco se não houver esse sistema de contenção. O Pearl Jam foi a primeira, porque foi no show deles que aconteceu. Eles estavam tocando e viram 9 pessoas sendo esmagadas na frente dele. Os grupos não admitem mais. E nós tivemos mais de uma dezena de reuniões com a Defesa Civil, a Polícia Militar, estive duas vezes pessoalmente com o Delegado Geral de Polícia de São Paulo, há coordenação com o Denarc, a Delegacia Especial de Turismo. Já é parte da agenda de São Paulo. O governador sancionou o SWU, é agora evento oficial do Estado de São Paulo. A área de segurança está muito esquematizada. Fora isso, temos 15 ambulatórios, e um micro-hospital, mais um centro de remoção, resgate de helicóptero. Estamos super-tranquilos quanto a isso. Mas sempre tem coisas que fogem do controle, espero que não haja.

E quanto ao trânsito? Sempre que há um caminho só para algo dessa dimensão, há problemas....
Nos mapas, você consegue visualizar todos os acessos. E fechamos com a Viação Tietê, vão ser disponibilizados mais de 600 ônibus por dia, fazendo o traslado na Barra Funda e no Tietê, a cada meia hora. E quem for de ônibus vai parar dentro da área, se for de carro terá de andar. Estamos incentivando isso por causa da sustentabilidade. Se vier de carro, quanto mais pessoas vierem no carro, mais barato fica o estacionamento. Se for sozinho, vai pagar caro. Fechamos acordo com uma cooperativa de táxi de São Paulo, que dará preços especiais de Guarulhos até a fazenda. Basta mostrar o ingresso do SWU. Teremos um monitoramento desde São Paulo até a arena. Haverá postos da Castelo Branco monitorando esse fluxo, orientando qual o caminho adequado para chegar.

Dave Matthews gravou comercial apoiando os princípios do festival. Quais outros artistas estão engajados?

A grande maioria das bandas que a gente foi atrás, a seleção, já foi feita a partir do engajamento. "Tem militância social, ambiental? Então vamos atrás dessa banda". É quase 100% de engajamento. Houve um caso de um grupo que disse: "A gente não está nem aí para esse movimento, queremos a grana!". Automaticamente, nós paramos com a negociação. O espírito do SWU facilitou muito para a gente trazer alguns grupos. Como por exemplo o Rage Against the Machine, que nunca veio ao Brasil, e talvez nunca viesse, porque é uma banda muito politizada. Veio por causa do movimento. Tem o Linkin Park, que resolveu lançar o disco deles aqui por causa do SWU, por conta do movimento de que participam Music for Relief. Tem o Incubus. o Pixies. Foram bandas que realmente vestiram a camisa e disseram: eu tenho de estar nesse projeto.

E o Pearl Jam, porque não veio?
Acontece que o vocalista vai casar justamente agora. Eles viriam, mas não puderam. Outro dia estive com o Slash, em Atlantic City, sou amigo dele. Ele sabia que o Pearl Jam poderia vir, e perguntou. Eu disse que eles não viriam porque o Eddie (Vedder, vocalista) vai casar. Ele brincou: "Eu já vi muita gente dizer que, por causa de um evento, não ia dar para casar. Mas nunca vi ninguém perder um show por causa de um casamento". Mas o Eddie cedeu um vídeo exclusivo em apoio ao SWU.

Como permitir que o festival receba menores, que vêm para ver bandas como Linkin Park e Kings of Leon?
Conseguimos que seja permitida a entrada de menores de 14 a 16 anos, acompanhados dos pais. Mas nosso público não pega muito essa galera de 12, 13 anos.

DICAS

O evento tem forte ‘pegada ecológica’, com um fórum de sustentabilidade, intervenções artísticas temáticas, reciclagem de lixo in loco e até banhos cronometrados nos acampamentos - 7 min, Mas você pode escolher se hospedar nos hotéis que ainda têm vagas na cidade, relacionados nas páginas a seguir. Lembre-se de que é proibido entrar na arena com latas, garrafas (mesmo de plástico) e alimentos perecíveis; não é permitido sair e voltar no mesmo dia - e os preços devem ser salgados. Ir de tênis, levar capa de chuva (guarda-chuva é proibido) usar filtro solar são também ótimas escolhas.

Fonte: Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário