quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Duvidosa solução de transformar plástico em combustível














Há alguns dias tenho acompanhado a publicação desta notícia em importantes sites de meio ambiente, trata-se da invenção de uma máquina da empresa japonesa Blest Company. Segundo Akinori Ito, executivo da empresa, a máquina é capaz de transformar 1 kg de plástico em 1 litro de óleo combustível gastando apenas 1 KW de eletricidade.
Acompanhada desta notícia estava a apresentação abaixo, um vídeo explicativo e corporativo demais para meu gosto. Assista e depois veja se concorda que há algo de errado nisso: (clique aqui para ver o vídeo no site)

Bom, a história é bonita o suficiente para deixar uma pulga atrás da orelha. Estranhei que nesta semana a notícia tenha se espalhado por aqui como se fosse a invenção do século. Após uma pesquisada rápida na internet achei alguns sites do Japão e outros países citando o protótipo deste projeto desde 2007. Depois entendi porque só nesta semana a notícia se espalhou pelo mundo, a equipe de marketing da empresa atuou, pois a máquina começou a ser comercializada recentemente. A única diferença da máquina de 2007 para a de 2010 é que conseguiram reduzir o tamanho e peso, apenas 50 kg. Outro ponto importante, e não divulgado por aqui, é que a máquina ainda não é capaz de transformar o politereftalato de etileno (PET) em combustível, ou seja, vamos ter que continuar fazendo artesanato com as garrafas.

A proposta desta máquina é interessante e obscura. Interessante porque se cada pessoa tiver em sua casa uma máquina dessas poderá reciclar o lixo plástico, reduzindo o desperdício em lixões, além de ter uma mini refinaria para produzir seu combustível. Já o lado obscuro desta máquina se resume em sua existência, pois o plástico é necessário para a máquina cumprir sua função, portanto esta máquina se apresenta como uma forma subliminar de defesa para não reduzir o volume de produção de plástico no planeta. Resumindo: se o plástico acabar a máquina não funciona. Com certeza o senhor Akinori não quer isso. Mas esqueceram de avisá-lo que a produção de plástico consome recursos e polui, sem contar o CO2 que esta máquina deixa de emitir não representa nada perto do que foi emitido lá na fábrica de plástico.

Me diga, não seria mais fácil reduzir o uso do plástico ou investir em programas de coleta seletiva e reciclagem ao invés de comercializar esta máquina?
Muitos podem discordar, mas vejo esta invenção apenas como um paliativo ambiental cujo real interesse é puramente comercial.

Fonte: Coluna Zero

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