Você já pensou em aproveitar a água da chuva para lavar seu carro ou regar as plantas?
No fim do mês, os 85 mil litros de água utilizada para a irrigação dos jardins não pesam nas contas da empresa. Isso porque a água “cai do céu”.
Isso mesmo, ela vem de graça! “Já projetamos esta nova sede da empresa para ter um sistema de aproveitamento de água da chuva”, conta. O telhado da construção, com oito mil metros quadrados de área, é especialmente canalizado para receber a água da chuva, que é direcionada a cisternas para o armazenamento.
“O sistema é tão simples que nem lembramos mais que ele existe, funciona muito bem. Além disso, as pessoas gostam de saber que temos este sistema na empresa e que aproveitamos os recursos; é muito saudável.” Na ponta do lápis, a economia que a empresa faz por mês com o aproveitamento da água da chuva passa dos 300 reais, de acordo com as tarifas da concessionária local. Em apenas alguns meses este valor cobriu os investimentos feitos para a compra e instalação do sistema, que no montante total da obra fez pouca diferença.
A economia financeira, no entanto, é apenas um dos benefícios que o aproveitamento da água da chuva traz. Com a utilização deste recurso que chega de graça, alcança-se uma série de efeitos positivos para o meio ambiente. “Aproveitando-se ou não a chuva, armazená-la é indispensável para conter e, sobretudo, não piorar os efeitos da impermeabilização urbana”, ressalta Jack Sickermann, do Consórcio da Chuva 3P Technik / Acquasave, que trabalha com soluções para o manejo sustentável das águas pluviais. Armazenada nas cisternas, a água da chuva demora mais tempo para chegar ao sistema de drenagem, que fica sobrecarregado em ocasiões de temporais, por exemplo.
“É atitude sustentável básica utilizar o que ‘está à mão’ e a chuva é algo que cai sobre as nossas cabeças, daí é tão elementar como aquecer a água do banho com a força do sol. Isto sem falar dos imensos custos para tornar potável a água dos nossos rios poluídos e trazê-la de distâncias cada vez maiores. Imagine a energia necessária para acionar elevatórias, bombas etc”, complementa.
Para o engenheiro civil Plinio Tomaz, o aproveitamento da água da chuva possibilita também melhor distribuição dos recursos hídricos, uma vez que a água disponibilizada pelas concessionárias não é desperdiçada e pode chegar a comunidades que ainda sofrem com problemas de abastecimento. “Na descarga, as pessoas utilizam água da concessionária, que vem com flúor, mas o banheiro não tem dentes. Podemos usar a água da chuva e outras pessoas podem usar a água potável”, brinca.
Nos países da Europa, a utilização deste recurso já é comum, mas no Brasil estes sistemas ainda são aproveitados de forma discreta. De acordo com Jack, enquanto na Alemanha a média é de 100 mil instalações do sistema por ano, no Brasil o índice anual é de apenas cinco mil. Para Plínio, o aproveitamento da água da chuva é uma necessidade do mundo moderno. “Temos quatro paradigmas em relação a água: a água das superfícies (os rios e os lagos), a água subterrânea, o reuso de esgotos e a água da chuva. O mundo moderno tem que usar estes quatro paradigmas”, afirma. “Cada vez mais os municípios estão indo nesta direção. A arquitetura também irá se adequar ainda mais a estas necessidades”, complementa Jack. Quem utiliza este sistema passa a ter uma preocupação maior com o consumo dos recursos naturais e percebe que iniciativas como esta fazem a diferença.
Aproveitando cada pingo
Toda a instalação do sistema deve ser realizada por profissionais especializados na área, que irão montar o projeto de acordo com o índice pluviométrico da região, com a capacidade de captação do telhado e com a finalidade para que a água será utilizada. Isto irá definir toda a estrutura do sistema, inclusive o tamanho da cisterna que irá armazenar a água. “A norma deu coragem para a instalação do sistema. Sem a norma era um perigo, pois eram feitas muitas coisas erradas, que trazem problemas para a vida das pessoas”, avalia Plínio.
Em casas já construídas, a adaptação para o sistema pode ser mais simples, sem causar muitos danos à estrutura. A opção é instalar a tubulação que liga a água da chuva à cisterna na parte externa da casa. “Quando houver a necessidade de uma reforma maior pode aproveitar e instalar o sistema completo. Se ainda assim o interessado ainda não tiver condições de instalar todo o sistema, existe a possibilidade de deixar a tubulação já pronta, para depois não interferir nas paredes”, recomenda Jack.
E se parar de chover? O sistema continua funcionando normalmente durante períodos de estiagem até que toda a água armazenada seja utilizada. Quando o nível de água da chuva fica baixo, ela é substituída pela água da rede pública.
Fonte: Portal da Sustentabilidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário