quarta-feira, 24 de março de 2010

As fronteiras da Educação

Fronteiras, ou linhas de frente, são os limites entre o que foi conquistado e o que ainda falta conquistar - como as da ciência, que demarcam o que a humanidade já conhece e o que ignora, e as dos esportes, cujas marcas estão aí para ser seguidamente superadas. As fronteiras territoriais são demarcadas pelos contornos de nossa soberania geográfica ou política, mas toda nação se consolida em outros fronts, como o social, o econômico e o cultural. E todos esses dependem da Educação, campo em que não há desafios externos patrulhados por sentinelas, mas desafios internos enfrentados no dia a dia por professores.

Nas linhas avançadas da Educação brasileira, não há pesquisadores enclausurados em laboratórios de ponta, mas educadores estudando as melhores formas de ensinar e promovendo integração social ou mesmo civilizatória em situações reais. Tenho encontrado exemplos notáveis dessa atuação na "fronteira educacional". Nas minhas andanças pelas escolas do país, identifico personagens que, por reunirem qualidade pedagógica, consciência social e envolvimento humano, poderiam simbolizar essa luta permanente de construção nacional, como nos exemplos a seguir.

Há áreas centrais na cidade de São Paulo que já foram importantes regiões fabris ou de residências burguesas. Hoje, esses bairros concentram imigrantes recentes - latino-americanos, africanos e asiáticos - trabalhando em inúmeras confecções clandestinas e outras atividades informais ou marginais. Bruna, excelente pós-graduada, é professora numa escola de um bairro como esses e encara com clareza e competência o desafio de ensinar Ciências a quem por vezes nem sequer domina nossa língua. Mas é na habilidade com que enfrenta problemas de defasagem idade-série, de descompassos culturais e até mesmo de exploração ilegal de trabalho juvenil que se percebe nela a verdadeira educadora, mais do que "apenas" professora de Ciências.

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