quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma liderança ameaçada

Sem uma política ampla de estímulo à inovação, o Brasil pode perder sua posição de destaque na agricultura e na energia.

A notoriedade desfrutada pela questão ambiental no segundo turno da campanha presidencial foi efêmera e exauriu-se em compromissos pontuais, como a revisão do Código Florestal e a hidrelétrica de Belo Monte. São assuntos relevantes, sem dúvida, mas, tratados de forma desconectada, evidenciam uma percepção rasteira dos temas socioambientais, que cada vez mais são indutores-chave de inovação na economia global.

O Brasil participa do comércio internacional com uma pauta intensiva em recursos naturais, na qual as commodities agrícolas desempenham papel relevante. Sendo que a produtividade no campo depende, entre outros recursos, de serviços ambientais providos pelo meio ambiente, não faz sentido tratar em separado a necessidade de incentivo a pesquisa e desenvolvimento, bem como à inovação na agroindústria, uma área de notória excelência do país, do esforço que deve ser feito para tornar viável o manejo sustentável de áreas nativas e plantadas e do desenvolvimento de mecanismos econômicos que remunerem os proprietários de terras que também atuam no negócio da conservação. São duas faces da mesma moeda, a que garante a competitividade do país na agroindústria.

Na questão energética, o Brasil mais tem se vangloriado de decisões passadas que privilegiaram a exploração do potencial hidrelétrico e a produção de combustíveis de cana-de-açúcar do que tem mirado o futuro. Hoje, 45% da oferta total de energia do país vem de recursos renováveis. Mas tal posição de destaque tende cada vez mais a ser ameaçada por nações desenvolvidas, que, além de investir em energias alternativas, como a eólica onshore e a solar fotovoltaica, destinam recursos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias ainda em amadurecimento, como a eólica offshore, a geotérmica, o etanol de segunda geração e o biodiesel de algas. Ao fazer tais opções, esses países alcançam maior segurança energética, consolidam competências no setor produtivo e tornam-se mais capazes de explorar outras oportunidades que as energias renováveis oferecem: geração de empregos, exportação de tecnologias, máquinas e equipamentos e a possibilidade de levar eletricidade a áreas isoladas.

A compreensão dissociada entre o papel das políticas pró-inovação e o das ambientais, no Brasil, ajuda a explicar a pouca prioridade dada a pesquisa e desenvolvimento em uso de biodiversidade ou em energias eólica e solar, nas quais o país apresenta amplo potencial a ser explorado tanto interna quanto externamente. São raros no Brasil, infelizmente, exemplos em que a cadeia de oportunidades que deriva da inovação seja aproveitada, como no caso da cadeia alcoolquímica, setor no qual o país pretende responder por 50% da oferta global de produtos em 2020.

Leia a reportagem na integra no Planeta Sustentavel

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