quinta-feira, 10 de março de 2011

Economia criativa ganha federação e secretaria

Cresce o papel da criatividade no desenvolvimento global econômico e sustentável. Em países emergentes, ele é ainda mais importante, arrisca-se a dizer. A geração de riqueza e de negócios a partir do pensamento humano – portanto, diferente da renda que vem de indústrias e serviços - ganha tamanha relevância que passa a ser considerada um setor separado, chamado de economia criativa.

De acordo com a consultoria PricewaterhouseCoopers, a economia criativa movimenta anualmente 1,8 trilhão de dólares em todo o mundo. No Brasil, responde por 16,4 % do PIB. Fazem parte dela áreas como arquitetura, cinema, moda, design, turismo cultural, música, cultura popular, artesanato, gastronomia, jogos eletrônicos etc. Ou seja, tudo aquilo que depende, essencialmente, de boas ideias. No Brasil, o reconhecimento da economia criativa chega tarde, 17 anos após a Austrália ter definido o conceito. “Mas temos um enorme potencial de criar novas ideias. Chegou a hora e a oportunidade para os criativos do Brasil. A sorte está lançada”, afirmou Lincoln Seragini, presidente da agência de design Seragini Farné Guardado, durante apresentação no seminário IDEA Brasil, realizado ontem em São Paulo.

Prova de que a economia criativa se consolida no país é a recente criação da FNEC - Federação Nacional da Economia Criativa*, que reunirá profissionais e empreendedores da indústria criativa com o objetivo de fortalecer sua cadeia produtiva. Neste ano, a entidade priorizará investimentos nas áreas de formação, pesquisas e desenvolvimento regional. A FNEC também ajudará os estados a organizar suas estruturas de economia criativa, para que se adéquem ao modelo do Ministério da Cultura e da Secretaria da Economia Criativa, órgão criado há pouco mais de um mês.

O investimento favorece o trabalho de artistas, produtores e criativos em geral. “A economia criativa também é um incentivo para a autoestima das pessoas, pois faz com que acreditem mais em seu próprio trabalho. Esse é seu grande benefício”, disse Seragini, que também é professor de pós-graduação da USP e do Istituto Europeo di Design. “Além disso, o governo criará políticas públicas e incentivos fiscais; as escolas se aperfeiçoarão e haverá geração de renda”. Por outro lado, também ajuda o desenvolvimento sustentável do Brasil, uma vez que seu retorno econômico, além de financeiro, pode ser traduzido em bem-estar e satisfação da população.

O passo seguinte para o desenvolvimento da economia criativa, que está contemplado entre as ações da FNEC, é a formação de cidades criativas, em que cultura e tecnologia estarão integradas à urbanização. Além de trabalhar a inserção cultural e social, este processo fará com que os cidadãos valorizem os espaços públicos. “Trata-se de um investimento na humanidade. E a nossa força e diferença é, justamente, humana”, afirmou Seragini.

Matéria publicada no Planeta Sustentável.

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