segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Setor de alimentos pode reutilizar resíduos da agroindústria

Resíduos da agroindústria alimentícia podem servir como fontes ricas de compostos bioativos. Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostrou que esses materiais podem conter antioxidantes e compostos antimicrobianos naturais que podem ser utilizados pela indústria de alimentos.

De acordo com Priscilla Siqueira Melo, formada em Ciências dos Alimentos e uma das autoras do estudo, pesquisas têm revelado que os antioxidantes sintéticos utilizados atualmente pela indústria de alimentos podem apresentar danos à saúde humana dependendo da dose e do tempo de exposição. Por isso, o projeto pretende fornecer subsídios à indústria de alimentos para a utilização de antioxidantes naturais.

“Os resíduos da agroindústria podem ser considerados fontes potenciais desses compostos, de modo que, ao serem aproveitados, resultam em maiores ganhos econômicos, diminuindo simultaneamente o impacto do seu descarte no ambiente”, conta Priscilla. A pesquisadora analisou resíduos oriundos do processamento vinícola, de tomate, de goiaba e do setor cervejeiro.

Compostos encontrados
A pesquisa avaliou a atividade antioxidante por quatro diferentes métodos in vitro e a atividade antimicrobiana, além de identificar, por cromatografia gasosa com espectrometria de massas (CG-EM), os compostos bioativos. As análises confirmaram que potentes antioxidantes são descartados em grande quantidade durante as cadeias produtivas agroindustriais, já que a maior parte das amostras analisadas, particularmente os resíduos vinícolas, é rica em compostos bioativos. O perfil químico das amostras revelou que a epicatequina foi o composto majoritário presente tanto nos extratos etanólicos quanto aquosos de todos os resíduos vinícolas. Já para os bagaços de goiaba e tomate, a quercetina foi o composto predominante. Outros compostos como ácido gálico, ferúlico, caféico, vanílico, sinápico, resveratrol e siríngico também foram identificados.

“Diante disso, esses resíduos podem ser considerados uma fonte barata e amplamente disponível para extração de compostos antioxidantes. Esses, por sua vez, são passíveis de serem incorporados nas indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica, sob evidente respaldo de estudos de extração em escala industrial e aplicação, gerando, assim, maiores ganhos econômicos e menores impactos ambientais”, aponta a pesquisadora.

Leia a reportagem da USP na íntegra

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