quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Retorno às origens por meio da história e da cultura

Na tentativa de estabelecer um diálogo entre o passado e o presente dos estudantes e de integrar sua cultura com a da escola, Maíra iniciou em 2007 uma pesquisa e intervenção com uma turma de 30 alunos da sétima série de uma escola pública na Favela Real Parque, em São Paulo

Tal como ocorre em muitas escolas do ensino fundamental e médio no Brasil, às vésperas do Dia do Índio – celebrado em 19 de abril – os alunos de um colégio público situado na favela Real Parque, no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo, costumam preparar cartazes alusivos à data comemorativa que são espalhados pelas salas de aula.

Mas, ao observar os desenhos e imagens que ilustram os trabalhos escolares durante seu trabalho de mestrado, defendido em agosto de 2010 na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), a psicanalista Maíra Soares Ferreira não encontrou nenhuma referência à etnia afro-indígena Pankararu, originária do sertão pernambucano, da qual muitos dos estudantes no colégio são descendentes.

“Apesar de a história da comunidade na qual a escola está situada ser conhecida, ela não estava integrada à cultura escolar. Havia uma tendência de negar as heranças afro-indígenas e nordestinas dos alunos”, disse Maíra à Agência FAPESP.

Na tentativa de estabelecer um diálogo entre o passado e o presente dos estudantes e de integrar sua cultura com a da escola, Maíra iniciou em 2007 uma pesquisa e intervenção com uma turma de 30 alunos da sétima série do colégio público paulista.

O estudo resultou em um método de ensino da cultura e história afro-indígena que pode auxiliar os educadores a abordar esse assunto em sala de aula, conforme determina uma nova lei. Sancionada em março de 2008, a Lei nº 11.465/08 tornou obrigatório o ensino sobre a história e a cultura afro-indígena em todos os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, das redes pública e particular, no país. Mas deixou a cargo dos educadores desenvolverem suas próprias metodologias de ensino para isso.

“A lei é muito importante. Porém, é preciso utilizar métodos didáticos que partam da própria história da comunidade onde a escola está inserida para ensinar a história e a cultura afro-indígena. Afinal, toda escola pública no Brasil tem sua comunidade afro-indígena”, disse Maíra.

Leia na íntegra no Planeta Sustentável

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