terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Biólogo e educador faz balanço ambiental da década

O debate sobre o meio ambiente e sobre o aquecimento global muitas vezes se ressente da interferência política e ideológica, que conduz à radicalização de posições, bem como da simplificação das questões essenciais para facilitar a compreensão do assunto. Sem falar dos estereótipos que se criam no imaginário público. Nesse sentido, é esclarecedor ouvir a voz do cientista e educador Nelio Bizzo sobre o tema.

Bizzo é biologo com doutorado em Educação e pós-doutorado na Universidade de Leeds (Inglaterra). Foi representante do Brasil no primeiro projeto educacional internacional sobre Mudanças Globais promovido pelo International Council of Scientific Unions (ICSU) na década de 1990, que produziu material didático utilizado em diversos países. Atualmente, é fellow da Society of Biology (Londres) e professor visitante da Universidade de Verona, na Itália, de onde concedeu a entrevista que segue.

UOL Ciência e Saúde: Pode-se dizer que a discussão sobre o meio ambiente ganhou mais peso nesta década em relação aos anos 1980 e 1990? Por quê?

Nelio Bizzo: É difícil responder a pergunta, mas eu diria que, se de fato a questão ambiental ganhou peso, isso se deve mais a uma oferta de novos produtos “verdes” do que propriamente a uma efetiva mudança da demanda dos cidadãos. Na Europa, onde tradicionalmente se troca pouco de carro, hoje se anunciam modelos híbridos com forte apelo ambiental (e que custam o dobro!). A indústria do macarrão na Itália faz propaganda de uma pirâmide alimentar ambiental, onde o macarrão com ovos demonstra ser, na verdade, “verde”. As bicicletas híbridas “inteligentes” têm motor elétrico de última geração (o Kers da Fórmula 1) e custam o mesmo que um automóvel, mas têm forte apelo ambiental. Muitos governos se oferecem para pagar parte do custo da bicicleta híbrida inteligente se o cidadão declarar que vai usá-la para trabalhar. Isso gera incentivos para a indústria de alta tecnologia local e, ao mesmo tempo, serve de justificativa de cumprimento dos acordos internacionais de redução de emissões.

Leia a entrevista na íntegra no UOL

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