terça-feira, 9 de novembro de 2010

Volt: O dilema do carro elétrico











O automóvel da GM, que sairá da fábrica em novembro, é um marco na luta contra o aquecimento global - mas não é tão ecologicamente correto como anunciado


Detroit, nos Estados Unidos, sede de três montadoras gigantes - a GM, a Ford e a Chrysler -, é um carro usado sem valor de mercado, grogue co¬mo um adversário socado por Joe Louis, o mais celebrado personagem da cidade. A crise financeira de 2007 fez com que casarões fossem vendidos a simbólico 1 dólar e afundou bairros inteiros na depressão. Hoje, em zonas mais pobres, a melancolia de automóveis transformados em sucata, de galpões vazios, é o avesso do tempo de sucesso, desde os anos 1940, com altos e baixos, que definiu um estilo de vida a bordo de banheironas movidas a gasolina. O cume simbólico da quebradeira deu-se quando o governo de Barack Obama salvou a GM da bancarrota com 30 bilhões de dólares, transformada, ironicamente, de General Motors em Government Motors. Como salvá-la? Pouco se sabe o que pode ocorrer quando ela desmamar de Washington. Mas há uma aposta de futuro, e ela atende por Volt (ou Ampera, na versão europeia).

O primeiro carro elétrico em série de uma das empresas fundadoras da moderna civilização a combustão, vitoriosa e magnífica embora poluente, o Volt pode representar o início de uma era. O passo pioneiro e transformador ocorreu quando Henry Ford, no início do século XX, pôs a produção de carros na linha de montagem (veja na pág. 114). Um segundo momento-chave foi a modernização administrativa imposta por Alfred Sloan, nos anos 20, à GM - dali para a frente, todas as grandes companhias, em qualquer setor, beberam na fonte de Sloan. O terceiro ponto de inflexão é o atual, e terá início em novembro, quando os primeiros Volt saírem do chão de fábrica em Detroit. Em um mundo preocupado com as emissões de gases que provocam o efeito estufa, com o ambientalismo a todo o vapor, a eletricidade como combustível oferece duplo fascínio: o econômico, como chance de salvação de uma indústria ferida financeiramente, e o ecológico.

Ter automóveis limpos é a faceta mais visível de um amplo movimento de renovação de combustíveis em terra, mar e ar (veja na pág. 122). Há outros lançamentos automobilísticos de relevo, como o Leaf, da Nissan, mas a força mítica da GM faz do Volt um símbolo inescapável. Houve um outro modelo a bateria, o EV1, também da GM, no fim dos anos 1990, que sucumbiu depois de uma produção mínima, de pouco mais de 1 000 unidades. A pergunta: o Volt, a partir de agora, será o Ford Bigode do tempo da amperagem?
"Não sei o que será do mundo daqui a 100 anos, mas o Volt é a melhor ideia para o planeta dos últimos 100 anos", exagerou a VEJA Wayne Brannon, presidente da Chevrolet Europa e vice-presidente internacional de operações da GM. O Volt, eis o que o faz diferente, é totalmente movido a bateria de íons de lítio, similar à dos celulares, notebooks e tocadores de música MP3. Ele tem um motor a gasolina, sim, mas que é usado apenas para alimentar o gerador de eletricidade quando a bateria cai a zero. A máquina a combustão não faz girar o carro, como ocorre com os híbridos. A autonomia inicial, com a bateria plena, é de no máximo 80 quilômetros, útil apenas em travessias urbanas. No modo estendido, que funciona com o motor a alimentar o gerador, são mais 480 quilômetros.

O coração do sistema, obviamente, é a bateria, item que sempre despertou dúvidas entre os consumidores ávidos por deixar o planeta mais limpo, mas que não querem ficar na mão com um carro sem carga para chegar ao destino.

Para ler na íntegra

Fonte: Planeta Sustentável

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