terça-feira, 19 de outubro de 2010

Empreendedorismo verde

No novo capitalismo, todo mundo sai lucrando: empresas, consumidores e - principalmente - o planeta

Nos anos 1980, surgiram os primeiros carros elétricos nos Estados Unidos. Eram silenciosos, rápidos, poluíam pouco. O estado da Califórnia chegou a solicitar às montadoras que produzissem mais modelos do tipo. Elas acataram. Mas, mimadas pelos lucros produzidos pelos veículos a gasolina, elas fizeram de tudo para que o negócio desandasse. Vendidos para o consumidor apenas em sistema de leasing, os carros foram retirados de circulação pelos fabricantes, que exigiram que os consumidores os devolvessem ao término do contrato. E assim o carro elétrico foi enterrado. No fim dos anos 2000, o cenário mudou. Hoje, carros elétricos e híbridos (movidos a eletricidade e a gasolina) são vistos pelas montadoras como uma das saídas para enfrentar a crise e um nicho de mercado forte.

O que mudou da década em que as empresas retiraram carros elétricos do mercado para hoje, em que elas disputam a dianteira desse novo negócio? De lá para cá, o mundo empresarial ficou verde. A preocupação com o clima deixou de ser exclusiva de ambientalistas e passou a ocupar o noticiário e a vida de todos. À medida que aumenta a consciência sobre a preservação ambiental, cresce também a demanda por produtos que sejam menos agressivos. E surgem novos negócios.
É tanto espaço para crescer que o empreendedorismo verde está sendo comparado ao boom da internet, quando empresas como Yahoo! e Google começavam a ganhar dinheiro da noite para o dia.
Nessa corrida pelo ouro, muitas afundaram; mas também foi a hora em que surgiram gigantes como o próprio Google. "Das startups verdes de hoje surgirão os Googles e Facebooks do futuro", diz Glenn Croston, autor de Starting Green - From Business Plan to Profits ("Começando verde - do plano de negócios aos lucros", sem edição brasileira). E essa onda verde não é passageira. "A questão ambiental é de difícil solução. Oportunidades vão continuar a aparecer em grande escala por bastante tempo", diz André Carvalho, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração da FGV, em São Paulo.

CHAMADO À CONSCIÊNCIA
Mas como foi que as empresas verdes, antes tão escassas, foram se tornando cada vez mais importantes no mundo dos negócios? Para entender essa questão, é preciso voltar aos anos 1960, quando surgem as primeiras empresas dedicadas a produtos e serviços com menos impacto no ambiente. Glenn Croston chama essa primeira onda de Verde 1.0: da Pré-História até a Segunda Guerra Mundial, por mais que o homem destruísse a natureza - gerando lixo, desmatando florestas, gastando matéria-prima -, ela parecia capaz de se regenerar. A percepção geral era de que os recursos naturais eram vastos e infinitos.

Mas, com o crescimento populacional e a industrialização no pós-guerra, o impacto ambiental começou a se acelerar. A lógica do consumo rápido se tornou dominante e a forma de produção se alterou, preparando-se para atender uma sociedade em que descartar rapidamente um produto para comprar um novo era a regra. Então, nos anos 1960, começou o movimento ambientalista, que defendia a conservação de recursos e denunciava o uso de pesticidas nos alimentos. Foi dentro desse cenário engajado que surgiram as primeiras empresas com preocupação ambiental.

A maioria das companhias convencionais, porém, brigava até o último momento para não ter que se adaptar às crescentes regulamentações, que limitavam, por exemplo, a poluição e o uso de materiais nocivos. Cada nova lei ambiental era combatida com potência máxima pelos advogados das empresas, nos tribunais. Foi nessa época que as montadoras começaram a fazer os carros elétricos, para logo depois retroceder.

Para ler na íntegra

Fonte: Planeta Sustentável

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