quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sede de quê?

Água engarrafada é um dos mercados que mais crescem no planeta, mas além de pouco acessível tem fortes impactos ambientais na produção e no descarte

Responda rápido: qual é o mais dinâmico setor da indústria de alimentos e bebidas e que tem crescido firmemente nos últimos anos? É o de água engarrafada. O mercado de garrafinhas de água, fáceis de carregar e mais disponíveis que bebedouros públicos, cresce em média 12% ao ano, segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas), apesar de o preço do litro engarrafado chegar a 2.000 vezes o litro da boa e velha água “torneiral” tratada e potável.

E a cada nova garrafa aberta, o impacto não é só na sede de quem bebe, mas nos recursos e energia gastos na captação, industrialização, distribuição e no acúmulo de garrafas plásticas descartadas.

A mesma quantidade de água bebida do filtro ou da torneira, nas cidades com tratamento eficiente, além de muito mais barata, polui menos por não passar por industrialização, gasta menos energia e emite menos gases de efeito de estufa, já que o plástico é feito de petróleo e as garrafas viajam, em geral, centenas de quilômetros até chegar ao consumidor. Você já analisou o rótulo da sua água mineral?...

Dados da ONU divulgados em 2003, no Ano Internacional da Água, apontavam que a água engarrafada no mundo movimentava 89 bilhões de litros e 22 bilhões de dólares por ano. Em média, cada um dos 6 bilhões de habitantes do planeta toma 15 litros de água engarrafada por ano. Isso é só uma média, porque mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a nenhuma água potável, mais de 10 milhões só no Brasil. Segundo a ONU, os europeus ocidentais são os principais consumidores: quase metade da água da água engarrafada no planeta é consumida na Europa Ocidental, algo como 85 litros por pessoa a cada ano.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimento e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de certas águas minerais serem úteis na oferta de micro-nutrientes essenciais, como cálcio, não há diretrizes indicando a recomendação de concentrações mínimas de minerais. Há também incerteza ao redor do fator nutricional mineral da água engarrafada em relação à água da torneira, contendo, ambas, certas quantidades de minerais.

A água de torneira vem em sua maior parte de fontes disponíveis, como rios e lagos, já a água engarrafada se origina de fontes protegidas (75% vêm de aquíferos no subsolo e nascentes).

Enquanto se expande no planeta o consumo engarrafado, a ONU lembra que a qualidade da água em todo o mundo é ameaçada pelo crescimento populacional e pela expansão das atividades industrial e agrícola e que as sociedades e governos precisam equacionar as questões relacionadas a manutenção de fontes limpas e ao acesso universal a esse bem. “Se o planeta de 6 bilhões de pessoas deve chegar a 9 bilhões até 2050, precisamos ser mais inteligentes coletivamente sobre como gerenciamos nosso lixo, incluindo resíduos líquidos", disse Achim Steiner, subsecretário-geral e diretor-executivo do programa de meio ambiente da ONU.

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Fonte: Instituto Akatu

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